SEM DEFINIÇÃO

Vivian Magalhães

Têm pessoas que passam pela nossa vida...

Umas deixam a mala,

Outras um pé de meia.

Algumas deixam ilusões,

Outras histórias.

Têm pessoas que passam pela nossa vida

Como um cometa,

Tão rápido, mas suficiente para abalar tudo,

Transformar sentimentos,

Convicções e estruturas antigas.

Algumas inseguras desistem,

Outras teimosas coexistem.

Têm pessoas que passam

Tão rápido, tão forte,

Que tiram o chão, as palavras,

Deixam sem a mínima graça,

Qualquer poeta famoso,

Pois nenhuma poesia, verso,

Soneto ou canção conseguem descrever,

Sequer mensurar um trecho de sua importância,

Seu valor.

Na vida todos somos um pouco cometas.

Nosso destino às vezes choca com o de outros,

Às vezes tão iguais, tão perfeitos em seus defeitos,

Que assusta, afasta, repele,

Mas por ser tão raro, jamais se esquece.

Têm pessoas que passam pela vida,

Raras jamais deixam de existir.

Algumas, como Fernando Pessoa dizia – coexistem,

Outras nem sequer despertam.

Vivian Renata Magalhães

Quero

Vivian Renata Magalhães


Quero um ciuminho excitante e não sufocante.
Um abraço amigo e não de exaustão.
Quero beijos de saudades e desejos e não automáticos.
Quero amizade acima de tudo e quando não restar mais nada,
Quero ainda mais a amizade que será tudo.
Quero uma tromba de ciúme e não um chute.
Quero um sorriso reconfortante e não palavras repetidas.
Quero um silêncio que me traga paz,
Que me faça repousar e não um grito de amor em vão.
Quero seu nervoso para te aliviar na cama.
Quero sua calma para me dar proteção.
Quero ao menos uma noite de amor
E não uma vida toda de ilusão.

Quero respirar fundo em qualquer mundo,
Aspirar o que não é tóxico por um segundo.
Quero me embriagar com a alegria.
Quero gozar só por gozar,
Beber só por beber,
Dançar só por dançar,
Mas nunca viver só por viver.

Quero um minuto de lucidez em cada dia.
Quero três sábados por semana, no mínimo.
Quero um limão para cada garrafa de cerveja.
Muitos gemidos para cada tesão.

Quero luz.
Quero sombra.
Quero leveza.
Quero o peso da responsabilidade de ter só uma vida
E de ser mortal.


Vivian Magalhães

Poesia - QUERO

VIVIAN RENATA MAGALHÃES' Podcast

TARDE

Vivian Magalhães

A única verdadeira chance que você me deu
Eu não sabia se fugia ou me entregava.
Eu não soube distinguir entre o real e o sonho.
Eu tive medo, medo.
Você me ensinou a te odiar
E em poucos dias em que mereceu o meu melhor,
Eu não soube lhe dar.
Fui rosa enquanto só haviam espinhos.
Fui punhal quando tive seu coração em minhas mãos.
Eu não sabia se me defendia ou suicidava... morria.

Vivian Renata Magalhães

Obra Completa

Mulheres que dispensam comentários,
Vãs filosofias, vãs poesias.
Mulheres que geram o fruto mais complexo,
Que dão a vida,
Que contemplam a luz do dia com
Um simples e sincero sorriso.
Mulheres que apesar, sobretudo, contudo,
Cantam...
Mestras na arte de seduzir,
De encantar, de conquistar o seu lugar.
Mulheres dispensam comentários...
Dispensam todos os meus versos
Pois seriam ambiguidade.
Ora! Mulher musa inspiradora dos poetas,
Mulher letra das mais belas e marcantes canções.
Mulher bolero em meio a tantos tropeços.
Sim, sem dúvida, é tolice oferecer meus pobres versos.
Mulher é poesia, obra completa!

Vivian Renata Magalhães

BRASIL MÃE


Vivian Renata Magalhães

Nesse país mãe,

Mãe dos filhos famintos e dos insaciáveis ingratos.

Nesse país onde a justiça nos cega,

Onde o egoísmo e a ambição,

O carnaval e o futebol reinam.

É aqui que morrem de fome, de miséria.

Tiram das mãos dos pais trabalhadores,

O pão.

O poder, a riqueza de poucos.

Oh! tamanha desigualdade, revoltante.

O que fazem os cidadãos "Coragem" ?

Se calam após gritarem em vão.

A voz mais alta vem do alto, do topo,

Que diminui, penetrando ao chão,

As palavras revoltadas, inconformadas.

A realidade, só verdade?

Fingem não ver ou nem saber,

Que aqui se trabalha sem se receber.

Fé, motivação dos que vivem esperando a morte,

Descanso da vida !

Mesmo com guerras, violência,

Esperança perdida,

A fé move velas e toca o barco adiante.

- Vai em frente pescador, marinheiro ou capitão,

Que essas águas também nos pertencem.

Vivian Renata Magalhães

ENQUANTO HOUVER TEMPO

Vivian Renata Magalhães

Antes que as cortinas se fechem,
Aquela frase mágica é preciso declarar,
Aquele sorriso natural é preciso viver.
Antes que a chuva caia, regue.
Enquanto houver tempo,
Semeie.
Quando colher, divida, multiplique.
Enquanto houver inspiração, escreva, cante.
Antes que o show acabe,
Solte a voz e o corpo loucamente.
Enquanto houver paqueras, olhares,
Namore a noite e se deixe levar, levar, leve.
Mire a Lua e por que não? Namore-a.
Todo carnaval tem seu fim.
Aproveite o bloco, a escola, os passistas.
Curta cada instante, sublime, intensamente,
É assim que a vida é.
Enquanto houver latidos, miados, broncas, infância, abraços,
Terra, areia, asfalto, flores e céu...
Simplesmente se deixe levar pela força que há.
Enquanto houver ombro ou travesseiro,
Amizade ou dinheiro,
Aprenda a viver.
O amanhã não há.
Se suje, brinque,
Construa, alimente,
Beba e goze.
Até que as cortinas se fechem...
Se jogue no palco e grite,
Grite com a alma, com a garganta
Tudo o que deseja
E que em cada ano seja um capítulo,
Uma nova cena, totalmente diferente.
Que as transformações aconteçam.
Vamos nos permitir!
Enquanto houver música,
Vamos bailar.
Enquanto houver sementes, vamos plantar.
Enquanto houver crianças, filhotes,
Adultos, jovens e os não tão jovens assim,
Amaremos.

Vivian Renata Magalhães

Poesia - Enquanto houver tempo

VIVIAN RENATA MAGALHÃES' Podcast

TRAGO
Vivian Renata Magalhães


Trago um cigarro que trago no peito
Trago a rosa que traz o aroma
Trago o chapéu que traz a poeira
Da terra que semeia
As rosas que trago no peito
Mas trago o cigarro
O cigarro me traga

NO PRINCÍPIO TUDO ERA VERBO
Vivian Renata Magalhães



No princípio tudo era verbo...

Alguma voz soou em algum canto?

Alguma silaba tônica ou átona?

Alguma pretensão na dicção?

Mas ainda há a hipótese de ter sido um grito,

Uma interrogação ou simples suspiro,

desabafo ou desequilíbrio,

Escrito e não dito.



No princípio nasceu um desejo parido da futilidade de ser só.

No princípio há o desconhecido,

Criaturas que como pingos de tinta em uma tela

Não sabem a razão de ser e estar.



No princípio tudo era verbo...

Espaço em branco;

Papéis em branco;

Gavetas vazias;

Móveis e imóvel novos.



No princípio tudo era verbo...

Versos, estrofes, sonetos.

Partituras, ópera, maestro.



No princípio tudo era verbo...

E o princípio de todo verbo?

No fim tudo é silêncio!