sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

ENQUANTO HOUVER TEMPO

Vivian Renata Magalhães



Antes que as cortinas se fechem,
Aquela frase mágica é preciso declarar,
Aquele sorriso natural é preciso viver.
Antes que a chuva caia, regue.
Enquanto houver tempo,
Semeie.
Quando colher, divida, multiplique.
Enquanto houver inspiração, escreva, cante.
Antes que o show acabe,
Solte a voz e o corpo loucamente.
Enquanto houver paqueras, olhares,
Namore a noite e se deixe levar, levar, leve.
Mire a Lua e por que não? Namore-a.
Todo carnaval tem seu fim.
Aproveite o bloco, a escola, os passistas.
Curta cada instante, sublime, intensamente,
É assim que a vida é.
Enquanto houver latidos, miados, broncas, infância, abraços,
Terra, areia, asfalto, flores e céu...
Simplesmente se deixe levar pela força que há.
Enquanto houver ombro ou travesseiro,
Amizade ou dinheiro,
Aprenda a viver.
O amanhã não há.
Se suje, brinque,
Construa, alimente,
Beba e goze.
Até que as cortinas se fechem...
Se jogue no palco e grite,
Grite com a alma, com a garganta
Tudo o que deseja
E que em cada ano seja um capítulo,
Uma nova cena, totalmente diferente.
Que as transformações aconteçam.
Vamos nos permitir!
Enquanto houver música,
Vamos bailar.
Enquanto houver sementes, vamos plantar.
Enquanto houver crianças, filhotes,
Adultos, jovens e os não tão jovens assim,
Amaremos.

Vivian Renata Magalhães







terça-feira, 27 de janeiro de 2009

TRAGO
Vivian Renata Magalhães


Trago um cigarro que trago no peito
Trago a rosa que traz o aroma
Trago o chapéu que traz a poeira
Da terra que semeia
As rosas que trago no peito
Mas trago o cigarro
O cigarro me traga


NO PRINCÍPIO TUDO ERA VERBO
Vivian Renata Magalhães



No princípio tudo era verbo...

Alguma voz soou em algum canto?

Alguma silaba tônica ou átona?

Alguma pretensão na dicção?

Mas ainda há a hipótese de ter sido um grito,

Uma interrogação ou simples suspiro,

desabafo ou desequilíbrio,

Escrito e não dito.



No princípio nasceu um desejo parido da futilidade de ser só.

No princípio há o desconhecido,

Criaturas que como pingos de tinta em uma tela

Não sabem a razão de ser e estar.



No princípio tudo era verbo...

Espaço em branco;

Papéis em branco;

Gavetas vazias;

Móveis e imóvel novos.



No princípio tudo era verbo...

Versos, estrofes, sonetos.

Partituras, ópera, maestro.



No princípio tudo era verbo...

E o princípio de todo verbo?

No fim tudo é silêncio!